A
Cidade e o Tempo
Nos caminhos encontro
em cada esquina um momento...
A cidade fala
silenciosamente pelas suas ruas barulhentas,
Pelos seus prédios
impassíveis, pelo tempo de seus anos...
Nunca havia reparado
nos traçados formosos e famosos
Porém sempre refleti
sobre momentos da evolução da cidade.
Existe uma área em que
podemos senti-la mais intensamente,
Com mais angústia e
esperança – a área central.
É o locus da
mudança, dos embates, do progresso...
Do regresso, do
retorno, das experiências e dos fracassos.
Lá, eu sempre tive
ilusões e confusões temporais...
O contraste com o
outrora bucolismo suburbano,
Leva-me a expansão, ao
progresso e à civilização.
Tenho que confessar: -
Não sei mais em que tempo estou!
Num mesmo quarteirão,
entrei no século XVI,
Desci no século XIX,
caminhei pelo início do século XX,
E deparei-me no século
XXI... enxergando séculos posteriores...
Não compreendo essa
saudade, essa melancolia de uma cidade que não conheci;
E talvez nem conheça
ainda seu cotidiano, seus habitantes, sua vida...
No entanto, uma certeza
eu tenho: - Como sinto sua falta!
Por que ainda respiro
seus ares? Por que ainda me sinto habitante dela?
Não sei explicar...
apenas sinto saudades e melancolia...
E a cidade não pára!
Rio de Janeiro,
fevereiro de 2004...(e tão atual né irmão!?)
Autor:
Rafael de Almeida Daltro Bosisio.
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